Agregando Valor Ao Produto

Muito se fala em “agregar valor ao produto”, mas o que isto tem a ver com Logística, se Logística – pelo menos para a maioria das pessoas – é simplesmente transporte e/ou armazenagem?

Bem vamos lá, levando em consideração que transporte é o deslocamento de alguma mercadoria ou produto de um ponto para outro, então, logística não agrega valor ao produto, somente o desloca, o que aumenta os custos, certo? Errado. Um dos obstáculos de um processo produtivo é a distância entre quem produz e quem consome. Quando compramos algum produto, como uma apostila, um livro, este só terá seu valor intrínseco completo quando o consumidor puder abri-lo e ler. Enquanto ele estiver na loja ou em transporte, este valor não existe para o consumidor. Baseado nesta realidade, podemos afirmar que qualquer sistema logístico agrega valor ao produto, e neste caso é o valor de lugar. Este só é possível quando o transporte do produto à residência do consumidor for feito de forma eficiente, ou seja, o produto colocado no lugar certo.

Existem muitos casos onde um produto não é entregue onde deveria ser, principalmente se forem similares, como, por exemplo, uma apostila. Uma pessoa compra uma apostila de medicina e outra compra uma apostila de massagem. Contudo, se, por algum motivo, a segunda pessoa receber a apostila de medicina e a primeira de massagem, isto não é de responsabilidade da loja e, sim, do transportador. Porém, é a reputação da loja que fica arranhada.

Temos o jornal diário como um dos produtos que mais tem restrição ao valor de tempo, pois ele tem que ser fechado o mais tarde possível, para incorporar as últimas notícias, e ser distribuído o mais cedo possível, caso contrário o valor começa a diminuir conforme o tempo passa e, após algum tempo, este não tem mais valor. Existem algumas pessoas que dizem ser o jornal o produto mais perecível que existe: se não for consumido rapidamente, podemos jogá-lo fora.

Para termos as funções logísticas completadas, é preciso adicionar, ainda, mais um valor, que é o valor da qualidade. Supondo que se tenha os valores de lugar e tempo em sua plenitude, se estes não forem completados pelo valor de qualidade, podemos colocar todo o processo logístico a perder. Por exemplo, se tivermos uma carga de laticínios que deve ser entregue num supermercado, e por algum motivo haja um problema no sistema de refrigeração do caminhão (seja ou não intencional), a carga à princípio será aceita, e os valores de lugar e tempo não são comprometidos. Contudo, poderá haver reclamações por parte dos consumidores finais, e a imagem do supermercado ficará prejudicada perante o consumidor, bem como a imagem do fabricante perante o varejista.

Atualmente, muitas empresas de ponta, tanto do exterior quanto do Brasil, estão incorporando um outro valor ao processo logístico, que começa a ganhar notoriedade entre os consumidores e usuários: é o valor da informação. Esta é uma modalidade que parece ser simples, contudo só parece, pois, no caso de rastreamento de cargas, são necessários equipamentos de última geração que monitorem todo um percurso e pessoal especializado. Muitas empresas que contratam serviços logísticos levam em consideração o fato de seus fornecedores terem um sistema de rastreamento da carga, seja por motivo de segurança ou de controle de percurso da carga, uma vez que, como redução de custos, as empresas tendem a trabalhar com seus estoques o mais baixo possível, e num possível caso de desvio da carga (seja roubo ou quebra do veículo), a empresa tem um tempo hábil para tomar as medidas emergenciais necessárias.

Concluímos, então, que a Logística Empresarial evoluiu muito desde o seu início, pois quando se agrega valor de lugar, tempo, qualidade e de informação à cadeia de suprimento e produtiva, a Logística moderna reduz custos desnecessários e perda de tempo, além de eliminar tudo que não tem valor para o cliente.

Texto adaptado de Adalberto Bertaggia dos Santos

Diretor da Bertacon S/C Ltda – empresa especializada em consultoria logística

Fonte: Nandy Brasil